O Objetivo Realtragista

22-03-2009 00:46

       O princípio de que, para formar uma idéia equilibrada de realidade, nós precisamos aceitá-la no extremo da maneira que ela é, para que assim possamos lidar com nós mesmos dentro desta realidade; esse princípio básico distorce o conceito de que a realidade é o produto dialético dos fatos e das ações que nós mesmos cometemos, e que portanto: nós devemos moldar “e não aceitar” a realidade.

 

      Para mudar algo é preciso conhecer, e do que conhecemos: saber o que tem de ser mudado. Conhecer não é aceitar. Não devemos aceitar a realidade, nunca, nem que esta seja a melhor e utopicamente: a que sempre desejamos ter.

 

      Nos dias atuais: viver é sobreviver, somente. Se trabalhamos e cumprimos todas as obrigações que nos recaem só por estarmos vivos e escolhermos a vida que “desejamos”, se só fizermos isso estaremos sobrevivendo. Viver é existir além do sobreviver; é usar nossa vida, nosso tempo enquanto vivos para fazermos tudo o que quisermos e que não seja em função de sobreviver. Uma destas escolhas de se fazer durante o viver é o de “atuar na realidade”, fazendo-a, desconformando-se com a realidade atualmente conhecida e fazendo por onde mudá-la. Só faz isso quem vive e não quem só sobrevive.

 

       Por isso dizer do nosso tempo uma época de alienação da vida é válido, pois todo o nosso existir está em função do sobreviver, e este está baseado no ideal humano de felicidade, como se todos os dias, ao levantar da cama, nós corrêssemos uma corrida para chegar a um ideal... que nunca chega, e que em vez dele, encontramos nossa cama novamente, para ir dormir e acordar no próximo dia, que também será perdido com mais uma corrida.

 

       Enquanto estamos preocupados em sobreviver, entretidos em nossa vida e apenas isso, estamos passivos de toda nossa realidade, e assim, vamos vivendo ou: sobrevivendo moldando-nos às imposições desta realidade. Realidade esta que não é um ser vivo, mas sim um fenômeno que tem como característica própria a inércia de permanecer em tudo como sempre foi.

 

         Assim, com a realidade sendo pouco mudada, e nós a serviço desta, levamos o tempo adiante, fazendo nossa História, até que chocam-se os valores e as atitudes de um tempo remoto que passou, mas que não foi admitido como passado, pois a realidade em nada foi mudada, e o que acontece é tão catastrófico, que nós somos obrigados a enxergar esta mudança de forma totalmente negativa, e em vez de tomarmos consciência do que causou esta tal catástrofe, apenas lamentamos, e a chamamos de tragédia.

 

      A tragédia é o descaso da realidade. É a nossa História nos cobrando novas atitudes, procederes e valores morais que não temos, mas que deveríamos ter para poder lidar com nossa realidade atual; assim: o fenômeno trágico acontece para moldar a visão sobre a vida e sobre o existir do homem, e apenas acontece de forma negativa e catastrófica sim, mas é somente o resultado da não observação, da não-ação, e sim da alienação da realidade.

 

      O Realtragismo mostra estas tragédias, mas antes: apresenta quais as atitudes, os conceitos, os procederes e os valores morais que devem ser discutidos e postos em prática para que se evite a tragédia apresentada. Este é o objetivo dos Realtragistas.

 

Hiago Rodrigues Reis de Queirós -- 20/03/2009

 

Obrigado a todos os Realtragistas que hoje me congratularam pelo 3º ano do Manifesto Realtragista.

 

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