Realtragismo Flutuante e o Herói e o vilão Realtragista.

09-03-2009 02:01

Esse estilo, ou modo de compor arte chamado Realtragismo usa a tragédia sim, mas não como foco. Não, a tragédia não é utilizada como fim, é sim um meio de apresentar algum sentimento. Portanto, podemos ter uma história Realtrágica e romântica ao mesmo tempo, porque esse tal Realtragismo “flutua” entre os sub-gêneros, ele é usado como fundo para uma história, e assim, fica claro que não é uma pregação infame, e até insana sobre a tragédia.

 

             Um exemplo bom e simples para confirmar isso, é que no Realtragismo a morte não é de praxe, se fosse, seria “Realmortismo” o nome do assunto que eu lhe trago. Mas sim, admitamos que o maior sub-gênero apresentado no Realtragismo é exatamente a morte, mas esse é um fator, um fato que varia de sociedade ou cultura entre as diversas que existem entre nós humanos de todo o mundo.

 

             É isso sim, são os valores que dizem que a tragédia está intimamente e até mais do que nada além ligada à morte. Qual é o seu maior medo, que não seja o medo de morrer? Quantos artistas que conhecemos tratam da morte como uma argila, e que dela fazem sua escultura, colocando assim o seu jeito de caracterizar, descrever e representar a morte e a forma de se morrer.

 

              Mas aceite quando eu digo que a tragédia “flutua” entre todos os temas representados na arte: amor, ódio, solidão, tristeza e tantos outros, que são nada mais que coisas da vida, coisas que só os vivos – por estarem vivos – arranjam-se como problemas e soluções para as explicações e interrogações sobre como e porque viver ou morrer. E para confirmar minha afirmação, vamos dar o exemplo de vilão e herói numa história:

 

             Bem, vou dar como certo que numa arte Realtrágica, tanto o herói, como o vilão têm suas tragédias na vida; ou seja, os dois estão passivos de tragédias, de coisas moralmente ruins para si, e em sua maioria até agora, a origem do vilão é sim de uma tragédia, o que nos diz que o mundo todo é bom, e que para existir um vilão, ele tem de vir de algo que está fora de controle do mundo e de todos os que nele vivem: a tragédia.

Antes, temos dois tipos de tragédia para melhor atender às classificações de como são:

    

Tragédia do mundo (e temos como mundo, as pessoas que agem de forma certa ou errada e acabam causando tragédias indiretas ou diretas sobre outra pessoa, que pode conhecer ou não) isso pode dizer qual é o tipo de realidade que existe; como por exemplo, a realidade do Homem Aranha, em que a tragédia de origem do vilão: Doutor Octavius é a cegueira do próprio personagem por querer se achar Deus e garantir energia ilimitada e renovável para o mundo. Seu invento o domina e ele perde com isso até a mulher. Temos aí, a tragédia de origem: a explosão; a tragédia secundária (que é a formação da filosofia de ação do vilão, ou como dizem: o porquê dele ser do mal) que na maioria, e encontrada nesta situação, é uma desilusão, ou aí: a perda da esposa para a morte, depois da tal explosão e em seguida, vem a própria contra-tragédia (a situação de consciência de maldade do vilão) que lhe diz que foi ele mesmo quem causou tudo.

 

Então, para a formação de uma tragédia do mundo temos de ter:

Tragédia de origem.

Tragédia secundária.

Contra-tragédia.

Que se aplicam também ao herói, mas de forma diferente. No caso do herói, a Tragédia da vida é a mais apresentada, por ser fácil de explicar a Tragédia de origem.

 

 

               Neste caso, a origem do herói pode ser algo trágico (e acabar originando um vilão) ou ao contrário: a tragédia pode ser exatamente a origem do herói (o que irá refletir na contra-tragédia). Se perdeu? Então voltemos: quando o herói surge por escolha própria, ou por um motivo de samaritano, por auto-reconhecimento como herói (o que acontece muito pouco) ele dá origem a um pedido de equilíbrio na história, ou seja: se tornou herói, mas terá que haver um vilão para ele. Exemplo: O Batman e o Enigma, deixando claro que com herói deste tipo, a escolha é feita a pesar da consciência deles do quê é certo ou errado.

 

Mas o comum mesmo, e até mais bonitinho, é quando de uma tragédia surge o herói, e quase como que sem escolha, ele se torna um mocinho. Isso é mais comum e mais certo a se fazer para garantir menos interrogações do receptor e maior clareza nos motivos da história, como no caso do Batman, ou até mesmo o Homem Aranha, mas sim ressaltando que sempre a escolha é do herói, e quê o influencia nesta escolha é a tragédia em que ele se encaixa.

 

               Nestes dois casos: herói da tragédia, e herói da consciência de bem e mal, encaixam-se a tal Tragédia da vida porque o herói é sempre originado de algo maior a ele, nunca de outra pessoa e nem dele mesmo (como no caso do vilão) o que nos deixa claro que antes do vilão, vem o herói, e não ao contrário. Sim, é isso mesmo. Me diga se você tivesse o poder de mandar na vida de todo o mundo e percebesse que existem alguma pessoa que tem o dom de ajudar as pessoas de tal forma, que não tem amor à vida se não acontece dela ter de escolher a cada dia a dar sua vida por qualquer pessoa que precise... sim, esta é a psicologia do tal herói, sem super-poderes nem nada disso, o herói é quem ele é por ser assim como pessoa, por se doar a algo maior. Então aparece um antônimo, alguém que tem algum objetivo na vida e que é capaz de sacrificar a vida de qualquer um para conseguir... percebe o paradoxo? Bem, o encontro destas duas pessoas, acrescentado de um pano-de-fundo que lhes dá origem de acordo com a cultura em que ele será divulgado, é sim, um a história de luta constante entre o bem e o mal, herói e vilão que pode fazer sucesso e que já faz muito com os heróis que fomos criados vendo na televisão, no cinema, livros e revistas em quadrinhos.

 

              Preciso confirmar de novo que a tragédia é usada como fundo para tantas histórias? E se te dissesse que a tragédia é um sub-gênero tanto como o amor, ou o ódio, e que o Realtragismo também “flutua” sobre a tragédia, pegando mais dela (por ser o nome Realtragismo) do quê dos outros em cada situação. É como se fosse uma panela com uma sopa, em que se acrescenta a tragédia como água, a realidade como sal, e as verduras condimentos são os demais sub-gêneros. Mas me diga: esta sopa não é do que nela colocamos além da água e do sal? Sim, então podemos encontrar uma história de amor Realtragista, uma comédia... um drama... Realtragista.

 

              Mas por que Realtragista e não só trágico? Sim, você tem o direito de perguntar-se sobre isso e também tem o direito de saber que o termo Realtragismo é utilizado quando se tira a tragédia da realidade, caracteriza-se ela, adaptando-a de acordo com o objetivo... e este objetivo é o de cobrar do receptor uma solução para a tragédia real, ou no mínimo, um repensamento acerca de como reagir a ela. Certo? Se fosse só trágico, não teria o objetivo da ação, não cobraria e talvez nem até apresentaria algum tipo de solução ou repensamento, pois o objetivo dos subgêneros são os sentimentais, como o de amor é para amar, ou de ódio é para saber o ponto do ódio sobre nossas vidas, o trágico vem sempre para fortalecer o seu antagônico, como se acrescentássemos a tragédia num romance... teríamos ele mais forte, mais pulsante (exemplo do Ghoust) ou seja, a tragédia serve de apoio, o Realtragismo é o que se apóia na tragédia e apela para o fim, ou uma nova visão dela.

 

           Um herói Realtragista não é o herói de filmes como os acima citados. O herói da Realtrágica é aquele que não se sacrifica por ninguém além dele mesmo, por isso, digo que o homem é o herói e o vilão de si mesmo. Todas as heróicas atitudes do homem são tomadas por seu livre-arbítrio, que sempre está em choque com seu egoísmo e seu pensamento coletivista, portanto: um herói Realtragista seria um ser individualista, pois não salva o próximo por pensar nele, mas sim em si próprio. Esta é uma visão Realtragista de base, mostrando ainda o vilão como um resultado desta heroiquicidade egoísta. O Vilão Realtragista surge então de uma tragédia acidental, por ser sem intensão, cometida por este herói, no momento de seu salvamento.

 

             E o que temos? Novamente: não existe vilão nem herói, pois se um herói salva, mas comente uma tragédia e com ela cria eum vilão, mesmo sem saber, ele deixou de ser herói, pois apenas trocou as vidas: da pessoa a quem salvou pela vida do vilão que ele terá de matar se quiser viver.

 

             E assim, a cada salvamento cria-se um vilão, pois abre-se sempre um lado bom e outro ruim na Realtrágica: salva-se João, mas Pedro, com isso corre perigo: esta é a Realtrágica, pois é a realidade, onde nada é perfeito.

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